Teste
Profª. Dr. Jaqueline Rosa da Cunha (IFRS – Campus Porto Alegre)
"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranquilos e escuros como o sofrimento dos homens."
João Guimarães Rosa
Na década de 30, do século XX, o Brasil passava por grandes transformações, fortemente marcadas pela revolução de 30 e pelo questionamento das oligarquias tradicionais. Os efeitos da crise econômica mundial e os choques ideológicos que levavam a posições mais definidas e engajadas começavam a ser representados na literatura nacional, por meio de textos escritos por autores que ganhariam renome na literatura regional anos mais tarde. A situação do país e o engajamento dos autores com os ideais sociais formou um campo propício ao desenvolvimento de um romance caracterizado pela denúncia social, verdadeiro documento da realidade brasileira, atingindo um elevado grau de tensão nas relações do indivíduo com o mundo. Pelo olhar e pela escrita de João Guimarães Rosa, autor de várias obras em que retrata o sertanejo e luta pelo reconhecimento da cultura do homem regional, podemos conhecer o sertanejo daquela época. Em 1936, sob o pseudônimo de Viator, Guimarães Rosa publica Contos, que em 1946 em edição revista transformar-se-ia em Sagarana. Obra que lhe rendeu vários prêmios e o reconhecimento como um dos mais importantes livros surgidos no Brasil contemporâneo. Os contos de Sagarana apresentam a paisagem mineira em toda a sua beleza selvagem, a vida das fazendas, dos vaqueiros e criadores de gado, mundo que Guimarães