Teste
É certo que as atuais condições de vida estão ameaçadas, na hipótese de
o aquecimento global vir a se confirmar. Contudo, a qualidade de vida dos que
não a têm hoje e a das gerações futuras não estão ameaçadas apenas pelo pro- vável aquecimento global. O modo de produção e consumo vigente traz em si
ameaças que agem de forma independente desse evento, pois caso continuemos
no ritmo de crescimento econômico dos últimos cem anos, teremos cerca de
120 milhões de pessoas por ano adentrando o mercado de consumo. Serão
mais dois bilhões e meio em 2050. Há uma quase unanimidade hoje entre os
cientistas de que os recursos naturais não serão suficientes para fornecer um
modo de vida similar ao da classe média mundial a todos os novos ingressantes
no mercado. No entanto, eles têm tanto direito quanto os que já participam do
mercado consumidor.
O que está em questão são as aquisições civilizacionais que criamos (Lo- velock, 2006) e, na pior das hipóteses, o próprio gênero humano. Teremos, ou
58 estudos avançados 26 (74), 2012
não, capacidade de prolongar a nossa existência, como espécie, ou, ao inverso,
vamos abreviá-la? Afinal, ser humano é isso: ter capacidade de se autodestruir.
Mas nossa condição de humanos pressupõe também a capacidade de prolongar
a existência como espécie, e utilizando a mesma capacidade inventiva.
Posta dessa forma, a crise ambiental contém o claro desafio de que o de- senvolvimento sustentável é apenas uma das respostas possíveis. E a essa podem-
-se acrescentar pelo menos mais três, grosso modo, com probabilidades distintas.
A primeira resposta é a tecnológica, que deposita na capacidade inventiva
do homem a superação anunciada dos limites dos recursos naturais. A segunda
reside na mudança radical (mas progressiva) do padrão de produção e consumo
vigente, expressa no movimento do decrescimento, entre outros. A terceira é
a