Teste
A nobreza com que o poeta morre de fome!
Minha primeira poesia foi sobre uma planta carnívora. Ou melhor, foi sobre uma rosa carnívora. Uma rosa que não tinha espinhos, tinha caninos afiados e devorada donzelas inocentes nas escadas rolantes da dúvida.
Eu vi o amanhã e não havia nada além de lixo. Não reciclável.
Montanhas de frustrações liberando gazes nocivos aos humanos e aos ratos. Eu vi o amanhã no fundo dos olhos de um garoto de rua. Minha poesia também já passou fome. Voltemos a rosa que devorava a beleza...
Eu, poeta, poucos anos de vida como vocês. Os poetas também vão morrer quando chegar o ‘armagedon’, o dilúvio ou qualquer outro nome que dêem para o filme inspirado em nossa destruição. EU NUNCA AMEI NINGUÉM ALÉM DE VOCÊ. A TERRA, o nome que ela tinha antes de virar um imenso deposito de lixo. Todos agora passam o verão na lua, porque não tem mais vagas no hotel da solidão.
Todo vôo é um vôo de morte. Os pássaros viram o fim de mundo e cantam para nos contar.
Ninguém está fazendo nenhum favor, o lixo nuclear não é comestível. Não sairemos vivos daqui. Alguém me abraça; tenha pena deste poeta solitário e velho. Que ninguém amou de verdade. A rosa tinha caninos afiados e devorou o dedo de minha amada. Todo poema está grávido de urgência. Alguém me dê algum centavo. Eu não posso me alimentar de poesia, embora a poesia cheire como frango assado.
Todo poeta é um canibal e já viu o futuro.
Todo poeta é um canibal e já viu o futuro.
Eu tenho fome e vago por esse deserto, o palco é um oceano poluído, a mente de vocês está poluída, vocês se perguntam sobre o que esta peça fala e eu vos digo que ela não fala de nada, é vocês que estão falando ai, em silêncio. O estômago de vocês está contando a verdadeira história do nosso planeta Terra. E não é uma história bonita de ouvir.
Talvez essa seja a última peça que vocês vão ver, porque o fim está próximo, melancolia se aproxima. Os mercados não