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Carácter da Arquitectura e do Lugar *
Amílcar de Gil e Pires
Arquitecto, Professor Auxiliar da F.A.U.T.L. amp@fa.utl.pt A noção de “carácter” em Arquitectura tem tido várias interpretações, desde que o termo começou a ser utilizado na segunda metade do Séc. XVIII, tendo sido objecto de reflexão para alguns teóricos e arquitectos que, desde então, deram contributos relevantes para a Teoria da Arquitectura.
No seu livro Form, Function and Design, em pleno apogeu do Movimento Moderno,
Paul Jacques Grillo refere-se ao carácter como sendo “uma rara qualidade”, quando diz respeito ao Homem ou a um edifício. Qualidade que, ao longo da História da
Arquitectura, se manifestou quando um edifício, devido à sua forte “personalidade”, se afirmou e evidenciou em determinado contexto construído.1 Para ele, o carácter resulta da perfeita materialização arquitectónica dum programa funcional dum tipo de edifício específico, a que chama “Group–character”, e diz respeito a edifícios públicos (escola, hospital, igreja, por exemplo), estruturantes do Lugar urbano.
Existem edifícios que se evidenciam relativamente a uma arquitectura de acompanhamento, que sobrepõem determinadas barreiras, pelo seu desenho, que não podem ter uma abordagem tão objectiva como a simples expressão duma eficaz materialização funcional. Estes não só cumprem rigorosamente o seu programa, numa perfeita comunhão entre desenho, forma, materiais e função, mas estão ligados a um sítio como se fossem animais vivos, dando a impressão que a sua existência nesse lugar é intemporal.
* A partir da sua Tese de
Doutoramento em Arquitectura:
Vilegiatura e Lugar na Arquitectura
Portuguesa, defendiada na
Faculdade de Arquitectura da UTL em Fevereiro de 2008.
1 Paul Jacques Grillo, Form, Function and Design, Dover Publications,
Inc., New York, 1960, p.20.
2 Ibidem, p.20.
3 Werner Szambien, Symetrie,
Goût, Caractère – Théorie et
Terminologie de