Test bank
Por Jim Shultz
Antes de abril de 2000 poucas pessoas de fora da Bolívia haviam ouvido falar sobre
Cochabamba, uma cidade de 600 000 habitantes cravada em um vale andino a 8 000 pés de altura. Quatro meses após o início do novo século esse quadro mudou. Cochabamba se tornou a linha de frente da crescente batalha internacional contra as regras da globalização econômica. Enfrentando soldados, resistindo à declaração de uma lei marcial e se levantando contra a onda da teologia do mercado econômico, a população mais pobre da América do Sul expulsou uma das empresas mais ricas do mundo e reconquistou algo simples e básico – sua água.
Precursores
A experiência da Bolívia com as forças da globalização teve início séculos atrás, em uma outra cidade andina – Potosi. Lá, em 1545, descobriu-se que uma modesta montanha era, literalmente, uma montanha de prata. Por aproximadamente três séculos os colonizadores Espanhóis escavaram da montanha Cero Rico, ou Montanha Rica, prata suficiente para virtualmente sustentar o império espanhol. Eles também causaram, nas palavras de Eduardo Galeano, “8 milhões de corpos indígenas”. Escravos dos mineradores eram mandados em túneis escuros e profundos por seis meses consecutivos. Muitos dos que sobreviveram ficaram cegos ao serem re-expostos à luz do sol. A primeira lição da Bolívia sobre globalização foi essa – um povo abençoado pela Terra com uma das maiores fontes de riqueza mineral da história do planeta encontra-se hoje como sendo uma nas nações mais pobres da América do Sul.
Essa memória de terrível abuso e roubo da riqueza para além mar não foi superada pela alma boliviana quando, em 1980s e 1990s, o Banco Mundial e o Fundo Internacional
Monetário (FMI) decidiram tornar a Bolívia um laboratório de seus experimentos modernos em economia global. Fazendo uso das ferramentas contemporâneas de poder econômico –empréstimos, ajuda, e perdão da dívida – o Banco Mundial e o FMI