Tese sobre um homicidio
O filme argentino é sobre um ex-advogado e professor universitário chamado Roberto Bermúdez (Ricardo Darín) que, no meio de um curso sobre investigação criminal, tem a notícia de que uma mulher foi morta no estacionamento do campus. Intrigado com o caso ele começa a procurar soluções e, logo de cara, o filho de um amigo, chamado Gonzalo (Alberto Ammann) se torna um dos principais suspeitos. No entanto, a realidade leva-o e ter de enfrentar questões mais e mais complexas.
O perspicaz roteiro de Patricio Vega, cheio de detalhes, sutilezas, combinados à metalinguagem comum aos filmes sobre crimes, se organiza quase como em um quadro de referências em que as sugestões, as pistas e os objetos distribuídos possam constituir uma narrativa que tanto pode afirmar uma coisa como, ao mesmo tempo, fazer parte de seu absoluto oposto. É como se Vega retirasse a estrutura dos livros de Agatha Christie e compusesse um pano de fundo muito parecido, sem deixar de contar, inclusive, com um investigador absolutamente parcial, repleto de idiossincrasias, manias e virtualidades frágeis. Ao lado do roteiro, a direção de Goldfrid desenha o dificílimo papel de, imageticamente, resistir ao gênero thriller e seus chavões, mas, simultaneamente, se utilizar dele para reforçar as pistas do roteiro. Mais que isso, o diretor consegue compor através das imagens, do olho, da sensação que muitas vezes é alucinada o choque de necessário para o todo se concretize.
Como diz Deleuze, o cinema deve ser choque de imagens que funcionam como um soco, uma