Tese sobre tratamento das psicoses
A psicopatologia só é um tempo de nosso empreendimento mas tempo privilegiado, na medida em que nos permite situar-nos na interseção da estrutura que subentende o discurso e da mensagem que condiciona a organização estrutural.
Jean-Louis Lang.
A presente pesquisa situa-se na confluência da psiquiatria e da neurologia infantil com a psicopatologia psicanalítica, por um lado, e as teorias do desenvolvimento infantil, por outro.
No que diz respeito a uma psicopatologia infantil, nem sempre as categorias nosográficas propostas pela psiquiatria contemplam as situações que se apresentam ao clínico.
No que se refere ao corpo teórico psicanalítico, o vasto campo de pesquisa sobre o tema das PSICOSES INFANTIS e do AUTISMO tem muitas questões em aberto. Desde Melanie Klein (1930), passando por Margaret Mahler (1952), Maud
Mannoni (1967), Bruno Bettelheim (1987), Rosine e Robert Lefort (1991), até teóricos mais recentes como Marie-Christine Laznik (1991), Alfredo Jerusalinsky
(1993 a) e Jean-Jacques Rassial (1997 a), muitos psicanalistas tem tentado avançar quanto ao diagnóstico, o tratamento e o prognóstico destes pequenos pacientes.
Iniciaremos com um levantamento teórico sobre as psicoses na infância, para situar a dificuldade de delimitação do diagnóstico em categorias claramente distintas
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e chegar à proposta da categoria diagnóstica PSICOSES NÃO-DECIDIDAS. Esta constitui nossa primeira hipótese de trabalho: adotamos esta categoria como o diagnóstico que melhor contempla a posição da criança na linguagem, enquanto sujeito em constituição,
bem como seu estatuto social de indivíduo em
desenvolvimento.
No segundo capítulo, abordaremos a questão do desenvolvimento infantil, articulando o conceito do tempo cronológico ao conceito de inconsciente e à concepção de tempo lógico daí decorrente, para centralizar nosso estudo neste entrecruzamento do tempo maturacional - de desenvolvimento de um organismo, com um