Teorias De Filosofia
Karl Marx:
Karl Marx interpreta discursos utilizados por Freud na interpretação do fenômeno religioso. O primeiro é inspirado na ideologia iluminista, que dominou o mundo acadêmico alemão na segunda metade do séc. XIX e tem uma tonalidade cientificista; o outro interpreta, sob a perspectiva da teoria psicanalítica, as motivações psíquicas da experiência religiosa, principalmente no que se refere aos exercícios religiosos, à psicogênese do fenômeno religioso e à natureza ilusória da experiência religiosa. Na dinâmica de um pensamento dialético, os dois discursos de Freud ajudam-nos a melhor compreender a sua posição ambivalente diante da religião.
Certamente, ao considerar o título do artigo, alguém poderia objetar que não é possível existir um ateísmo religioso. Realmente, se considerarmos os termos em suas acepções correntes, isto é, ateísmo como a negação da existência de Deus e religião como um conjunto de relações estabelecidas entre Deus e os homens, não poderíamos pensar num ateísmo religioso. Todavia, ao estudarmos certos pensadores modernos, muitas vezes deparamo-nos com paradoxos desse tipo. Um caso típico é o de Karl Marx. Em toda sua obra, desde a juventude até a maturidade, podemos encontrar curiosos paradoxos desse gênero.
Em 1841, Marx, Bruno Bauer e Feuerbach, jovens hegelianos, projetavam fundar uma revista cujo título seria Arquivo do Ateísmo. Segundo Arnold Ruge, outro jovem hegeliano e amigo de Marx, os três estavam a ponto de fundar uma “Montanha” anti-religiosa, tomando o estandarte do ateísmo e da mortalidade contra Deus, a religião e a imortalidade. A revista não saiu, mas foi publicado um panfleto anônimo intitulado A trombeta do juízo final contra Hegel, ateu e anticristo. Um ultimatum. Nesse panfleto, escrito por Bauer e Marx, afirmava-se que Hegel era ateu. Esse fato já nos traz alguns problemas. Como poderia Hegel, o grande expoente do idealismo alemão, autor da Fenomenologia do Espírito, leitor e