Teorias da personalidade
De Arthur Arruda Leal Ferreira
“De modo corrente, se faz a psicologia (e das ciências) de duas formas: ou se busca desmarcar as condições da psicologia através de uma série de transformações intelectuais, conceituais ou metodológicas (a chamada abordagem internalista); ou se busca estabelecer as condições da psicologia a partir de uma série de transformações culturais, sociais, econômicas e políticas (a chamada abordagem externalista).” (p.5)
As práticas sociais modernas
“O conjunto do saber e das práticas psicológicas contemporâneas apresenta algumas experiências constitutivas fundamentais, uma vez que presentes em todas as psicologias. Tais experiências referem-se respectivamente à constituição de um domínio de interioridade reflexiva (a nossa subjetividade), a separação desta do corpo, e a produção de um campo de singularização valorativa num espaço coletivo (a nossa individualidade).” (p.1)
A constituição de um plano de subjetividade
“Por subjetividade entende-se a constituição de um plano de interioridade reflexiva, em que cada vivência se encontra centrada e ancorada em uma experiência de primeira pessoa, de um ‘eu’.” (p.1)
“Nas palavras de Focault (1995), não há na Antiguidade pagã uma busca de conhecimento de si mesmo (uma hermenêutica de si), mas da constituição de uma vida tão bela quanto uma obra de arte (uma estética da existência).” (p.2)
“Na passagem para o cuidado de si moderno há, pois, uma mudança de finalidade: não se busca mais uma purificação de alma para atingir Deus, mas uma para afirmação de si.” (p.4)
“Peter Berger (1985) vê no aprofundamento dessa distinção entre os domínios público e privado a condição fundamental para o surgimento dos saberes psicológicos.” (p.10)
“O personagem-chave nessa nova abordagem de interioridade é o filósofo moderno René Descartes (1596-1650). É esse autor que encontra no recurso à própria subjetividade a base para o estabelecimento das novas certezas, e o