Teoria queer
Gilmaro Nogueira
No último texto que postei aqui no blog, problematizei o uso equivocado do conceito de heteronormatividade, muitas vezes substituindo homofobia. Agora minha proposta é a de questionar o uso do conceito de homonormatividade. A ideia não é fazer um policiamento do que viria a ser um uso correto dos conceitos, mas porque acredito que esses usos problemáticos têm implicações políticas muito sérias e concretas, como pretendo demonstrar ao final deste texto.
Vou recuperar o conceito de heteronormatividade como: uma ordem social/sexual que convoca/impele todos os indivíduos a se comportarem como heterossexuais, ou melhor, com um suposto modelo “natural” da heterossexualidade, mantendo uma linearidade/binaridade entre sexo e gênero. O que chamamos de linearidade entre sexo e gênero nada mais é do que uma norma, exigida pela sociedade em geral, que determina: se você é identificado como tendo determinado sexo (órgão sexual) você é obrigado a ter determinado gênero que corresponda ao seu sexo.
Para que os indivíduos sejam interpelados pela heteronormatividade é preciso que esse modelo lhes confira privilégios ou benefícios, sendo: uma representação de gênero tida como natural e normal – e que, por conseguinte, produza exclusão, ou seja, empurre alguns sujeitos para o campo da anormalidade, da não humanidade ou, como ocorre frequentemente, os transforme em exóticos, objetos de estudos para serem explicados, dissecados pelo dito “saber científico”.
O que seria então a homonormatividade e quais seus efeitos? Seria um conceito oposto à heteronormatividade?
Não há um conceito fechado de homonormatividade, mas quem tem usado essa expressão/conceito, faz uma associação com um estilo de vida gay ou de uma suposta comunidade gay que privilegia determinados valores, tais como: a produção de um corpo “perfeito”, jovem e uma ideologia de consumo que atribui valor às marcas dos bens adquiridos. Dito de um outro modo, seria a forma