Teoria Pós Keynesiana
Fernando Ferrari Filho*
Jorge Paulo de Araújo**
O
emprego de instrumentos topológicos na análise do espaço de fases de sistemas dinâmicos foi uma das mais importantes contribuições à matemática deste século. Os resultados e os métodos originados formam o que se denominou teoria qualitativa de sistemas dinâmicos. Atualmente, alguns conceitos dessa teoria, que se referem ao que se convencionou chamar caos determinístico, alcançaram grande divulgação.
Os problemas que geraram o conceito de caos determinístico estão relacionados aos sistemas de equações diferenciais que descrevem órbitas no sistema solar e fluxos turbulentos em mecânica dos fluidos. Hoje, de maneira geral, se procura formular modelos, para os quais os métodos provenientes da análise original sejam apropriados, relacionados aos fenômenos em que determinadas variáveis aparentam comportamentos erráticos.
Na teoria econômica, por exemplo, algumas séries apresentam o comportamento acima descrito, entre as quais, os modelos teóricos do mainstream, que têm como alicerce os cálculos probabilísticos.
Os modelos em que se supõe que os agentes econômicos pautam suas decisões através de algum tipo de cálculo probabilístico são criticados por economistas pós-keynesianos. Segundo estes, não é através da análise de séries estatísticas ou de crenças justificadas no passado que os agentes decidem suas ações futuras. Assim sendo, as situações de tomadas de decisão são classificadas como ambientes de verdadeira incerteza.
Neste artigo, pretendemos expor os conceitos de incerteza, segundo a teoria pós-keynesiana, e caos determinístico, visando, assim, mostrar que os conceitos de dependência sensível e bifurcação da teoria do caos podem ser úteis para a teoria pós-keynesiana, apesar de termos ciência de que esta seja, a priori, determinística.
* Professor Titular do Departamento de Economia da UFRGS e Diretor do Centro de Estudos e
Pesquisas Econômicas