Tensões sociais e criação cultural na primeira república
Literatura como missão
Tensões sociais e criação cultural na primeira república
São Paulo
A partir da argumentação do pensador Nicolau Sevcenko, apresento este trabalho que tenta elencar e traduzir as principais ideias de como se desenvolveu a formação de um pensamento social no Rio de Janeiro que está embasado nas transformações sociais da primeira república a partir de 1889, assim como as tensões sociais e a criação cultural nesse contexto. Nessa obra, Sevcenko realiza uma análise da vida cultural carioca – nesse período ainda capital da república – e assim o faz através da literatura e para isso, ele analisa o escritor Lima Barreto e Euclides da Cunha, em outras palavras, sua crítica social da primeira república se acontece sem perder de vista o entrecruzamento entre história e literatura. O livro mostra, entre outras coisas, como os escritores da época estavam no centro do debate político, mostrando certo tipo de engajamento que expõe os descontentamentos com a república, que ainda apresenta profundos traços de continuidade com o passado imperial. Note ainda que o fato de o Rio de Janeiro naquela época ainda ser a capital nacional, abre precedentes para uma análise sobre as ideias que emanam do centro para a periferia, proposto por Richard Morse. O Rio de Janeiro e São Paulo são pólos político e cultural, respectivamente, e disso nasce a importância que as cidades têm na formação de pensamentos e ideologias, como acontece essa influência e como reflete as questões sociais do contexto a qual estão inseridas. Sendo assim, a obra se torna referência para os estudos da cidade que fazem análises a partir da literatura, que segundo o autor, “particularmente a literatura moderna (p. 28)”, servindo de base aos estudiosos da produção e da vida intelectual na república. Nicolau pensa sociedade lançando mão da cultura em um sentido mais alargado relacionando as produções cotidianas dos diferentes setores. Veja que a perspectiva que