tempos modernos
Um olhar humanista que serve aos objetivos da emancipação social
Charles Chaplin criou um personagem que tornou-se ícone da cultura de massa. Apesar disso, como é comum acontecer numa época em que a produção cultural é tanto mais massificada, quanto mais fragmentada, muitas pessoas que juram admiração a Carlitos e seu criador, jamais viram os filmes de Chaplin do começo ao fim. Principalmente os de longa metragem. Por isso o conhecimento que uma parcela mais ampla das pessoas tem da obra do cineasta limita-se às cenas mais cômicas de cada filme. E, às vezes, também às cenas mais emotivas, como o abraço choroso ao menino em O Garoto, e o olhar feliz e ingênuo do vagabundo no final de Luzes da Cidade.
Em Tempo Modernos, a cena mais conhecida é a de Carlitos apertando parafusos no ritmo frenético imposto pela linha de produção até ser arrastado pela esteira e engolido pelo maquinário. O significado mais óbvio do filme aparece nesta cena, em que o homem é tragado pelas entranhas da máquina.
Quem se baseia nesta cena para julgar o filme, pode achar que Tempo Modernos perdeu força em nossa época. Afinal, o método fordista de trabalho já não é predominante e a informatização está tomando conta das fábricas, mantendo relativamente poucos operários e funcionários entre seus quadros profissionais. Mas assim como operários de macacão não são necessariamente os únicos sinônimos adequados para representar os proletários, o objeto do filme de Chaplin não é apenas a tecnologia engolindo o homem. Na verdade este é apenas o lado mais visível do filme. Um aspecto enfatizado pela insistência em representar a obra apenas a partir daquela cena famosa.
Entendo que o que Chaplin aborda aqui é fundamentalmente a alienação do ser humano no mundo. Basta assistir ao filme todo e será possível deslocar seu tema da tecnologia massacrante para a alienação também em outros níveis da vida social. Por exemplo, quando Carlitos sai do