TEMPO LIVRE INDUSTRIALIZADO
Por Renato Nunes 27/04/2013 às 14:06
As longas jornadas de trabalho são cada vez mais aceitas na sociedade moderna, criando uma dependência do trabalhador. Caprichosamente articulados, férias e feriados nas empresas têm um intuito certo: deixar os cidadãos apáticos,culpados e cada vez mais ávidos em trabalhar.
Para Marx, a valorização do mundo das coisas torna proporcionalmente inversa a valorização do homem, que torna-se mais pobre quanto mais riquezas produz. A cultura ocidental tradicionalmente estigmatizou o trabalho como uma atividade degradante para o ser humano, considerando-a indigna de homens livres. Nessa conjuntura, o trabalho era imputado como uma tortura; aliás, a análise etimológica da palavra tra¬balho indica que esta se origina do termo latino tripalium, um instrumento de suplí¬cio. Todavia, essa perspectiva negativa em relação ao trabalho só encontra significa¬ção na estrutura laboral regida pela relação de dominação entre senhor e submisso, sendo incompatível com a experiência de trabalho na qual o ser humano adquire a capacidade de se realizar existencialmente. Por conseguinte, o materialismo dialético de Marx (1818-1883) explica com precisão esse processo: "Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser hu¬mano, com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu próprio câmbio ma¬terial como uma de suas funções. Põe em movimento as forças naturais de seu corpo - braços e pernas, cabeças e mãos - a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, im-primindo-lhes forma útil à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza"1. Entretanto, as relações sociais de tra¬balho se caracterizaram historicamente pela desapropriação dos meios de produ¬ção das mãos daquele que representava efetivamente o processo construtivo de criação, o trabalhador, que se encontrou na necessidade de vender sua força de