Tempo judaismo
Parafraseando a analogia dos Salmos (“Mil anos aos teus olhos são como o dia de ontem”), a história de um povo corresponde a um instante na eternidade do mundo. Apesar do relato histórico da vida do povo judeu apresentar um sentido tão cósmico, sua continuidade cultural-religiosa de três a quatro mil anos talvez seja a mais extensa que qualquer grupo étnico-religioso tenha alcançado. Para o judeu devoto e consciente de sua história, o passado parece tão real quanto o presente, concebidos como intrinsecamente ligados um ao outro, dotados que são do mesmo propósito moral. No sentido espiritual, o tempo conservou-se atemporal! Quando as doutrinas sobre o Messias, a Ressurreição e o Juízo Final enraizaram-se no solo místico da crença judaica no período pós-bíblico, também o futuro ligou-se ao passado e ao presente.
Poderíamos, concluir apressadamente que, ao aprender o que se presumia serem “verdades absolutas”, a religião judaica estivesse condenada a um estado de permanente imobilidade e estagnação. Mas na verdade, enquanto o povo agarrava-se tenazmente às principais doutrinas, princípios, atitudes e práticas tradicionais, sua evolução histórica era contínua, ajustando-se aos novos conjuntos de circunstâncias e às influências culturais do ambiente em geral e do espírito da época; em fase alguma da história judaica sua religião permaneceu estática.
Como foi dito no resumo, meu propósito, neste texto, é destacar o papel dos marcadores temporais como elementos característicos na formação e na permanência da tradição judaica, desde os primórdios da história universal até a contemporânea, bem como sua ligação com a natureza e perspectiva ecológica, ilustrando assim a cosmovisão judaica através da dimensão temporal Não há outro grupo humano cujo ritmo de vida se caracterize tanto pelo curso do ano, pelas estações e efemeridades, como o povo judeu. Alegria e pesar, exaltação e