tecnologia
A tecnologia somente é útil quando está à favor da maioria da população. Esta é a opinião do teólogo Antônio Moser, que lançou seu 16º livro "Bioética, do Consenso ao Bom Senso". Assessor para Bioética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ele acredita que a participação da população tornará a ciência mais democrática. "O poder está nas mãos do povo como nunca esteve. O que falta é uma conscientização disso", avalia.
Estudioso da biotecnologia e da ética em relação ao seu uso na vida humana desde a década de 70, Moser acredita que os avanços científicos devem promover o bem-estar das pessoas e a sua inclusão social. Nesse sentido, o teólogo afirma que o uso da tecnologia tem o seu limite. "O pressuposto de muitas pessoas que estão diretamente envolvidas com a biotecnologia é de que ela não tem limites. E a ética diz não, nem tudo que é tecnicamente possível é eticamente admissível. Tecnicamente, por exemplo, é possível contaminar todos os rios de um Estado, mas isso é eticamente e humanamente insustentável", defende.
Frei Moser critica a lógica de muitos cientistas, políticos e órgãos públicos, que se sujeitam à força do dinheiro para desenvolver e regularizar certas tecnologias que ainda não são comprovadas como benéficas. Um dos exemplos apontados pelo teólogo é o das sementes transgênicas, cuja aplicação é feita hoje em lavouras brasileiras por conta da pressão financeira de multinacionais junto aos camponeses sem a certeza de que faz bem. Entre elas, estão a Monsanto e Dupont, que investem pesado em laboratórios no país. "A técnica tem um limite, que o é do consenso. Depois de muito discutir e refletir devemos chegar ao ponto de equilíbrio, o qual precisa representar a vontade da maioria e não de um pequeno grupo, que diga o que é e o que não é bom", afirma.
Para que uma ocorra decisões mais democráticas na aplicação da tecnologia, ele destaca como fundamental a organização