tecnologia da comunicação e informação
A ciência, a tecnologia e a condição do homem moderno
Prof. Dr. Mauro Lúcio Leitão Condé
Artigo publicado no caderno "Pensar"
Jornal Estado de Minas em 21 de setembro de 2002
Na sociedade contemporânea, estamos tão habituados com a estreita relação existente entre ciência e tecnologia a ponto de muitas vezes não sabermos o que, nesse complexo, é propriamente ciência, ciência aplicada, técnica ou tecnologia. Na maioria das vezes, nem mesmo nos colocamos a questão sobre a diferença entre elas indagando, por exemplo, se a medicina ou a administração são ciências ou técnicas. Contudo, essa relação nem sempre foi tão próxima assim. Até por volta do renascimento, ciência e técnica eram práticas totalmente distanciadas, vinham de tradições distintas e os seus praticantes, que possuíam formações e posições sociais diferentes, em sua maioria, não tinham a mesma visão de mundo, os mesmos interesses e muito menos a mesma condição social. O homem da técnica invariavelmente provinha da tradição do “saber fazer” prático e o da ciência (Episteme), contrariamente, do pensar filosófico, abstrato e distanciado do trabalho manual.
O renascimento é o palco dessa incipiente relação entre a técnica e a ciência, ou pelo menos com o que a tradição ocidental naquele momento entendia como ciência (algo muito mais próximo da Episteme grega do que propriamente da Scientia moderna). Em pouco tempo, já na modernidade, essa relação se efetivará marcando de forma indelével a humanidade. A partir da ciência e da técnica o homem moderno não apenas amplia os horizontes do seu mundo, mas reinventa a si próprio.
Essa reinvenção tem como uma de suas principais características o fato de o homem moderno colocar a si mesmo, nesse novo contexto, como objeto privilegiado de seu saber, modificando de modo peculiar a própria idéia de homem até então existente.
A concepção de ciência criada pelos gregos (Episteme), enquanto um saber racional que buscava