TEcnico em rede

O INACREDITÁVEL SOLDADO GOUVEIA

Em tempos de tanto risco e intranquilidade, como estes que estamos vivendo agora, já não se pode mais estender a solidariedade do transporte aos que pedem carona, à beira do caminho. E eu mesmo, que costumava fazer isto de boa vontade, já não o faço mais, em nome da minha própria segurança. Mas num dia desses, viajando para uma outra cidade, por conta do meu trabalho, ao parar numa espécie de "blitz" que havia no meio do percurso, recebi o pedido de um dos patrulheiros: — O senhor se importaria de dar uma carona a um companheiro nosso, que está saindo da escala da noite e perdeu o ônibus que ia pegar no horário, para voltar prá casa? Hesitei por uma fração de segundo, mas me dei conta de que, diante das circunstâncias, não me custava ajudar o militar a chegar mais cedo à casa e concordei. O homem entrou no carro com a sua mochila e prosseguimos a viagem. Mas depois de um "tá muito quente" daqui e um "deve chover mais tarde" dacolá, acabamos entrando num assunto de mais uma pesquisa maluca, recém divulgada, sobre o que faz mal à saúde. Comentei, então, que a maioria dessas pesquisas era encomendada e tinha endereço certo. Afinal de contas, muitas delas são financiadas por laboratórios ou indústrias, que se utilizam de seus resultados para divulgar os seus produtos ou para derrubar a concorrência. Comentei, mas não deveria ter comentado. Porque o que eu disse pareceu acender uma luz na cabeça do homem, que passou a falar de uma forma incontrolável, afirmando as coisas mais loucas e inconsistentes, sobre História, Ciências, Política e, até, Psicanálise. Como se eu, seu infeliz interlocutor, não soubesse de nada nesta vida. "Teve um tempo — disse ele — antes desses navios a motor, que todos os barcos eram movidos a vela. E o Brasil era o produtor das melhores velas do mundo! Porque as nossas velas eram feitas com a fibra tirada de uma planta, que D. Pedro trouxe para cá, quando