Tecido Nervoso
às novas funções de hoje e as que ainda virão
Flávia Carvalho Alcantara Gomes,
VANESSA PEREIRA TORTELLI e LUAN DINIZ
Introdução
O
Nervoso Central (SNC) apresenta a maior diversidade celular dos sistemas orgânicos do corpo humano, além de estar associado a atividades extremamente complexas que envolvem a relação do indivíduo com o meio ambiente, a vida afetiva e a atividade intelectual. Para efeito de comparação, enquanto órgãos tão vitais como coração e fígado possuem 3-5 tipos celulares diferentes, o encéfalo possui mais de uma centena. Aliado à sua complexidade morfológica e funcional, o SNC é sede de diversas doenças incapacitantes, como as doenças neurodegenerativas de Alzheimer e Parkinson; tumores e desordens neurológicas como esquizofrenia, autismo, dentre outras. Essas enfermidades, além de afetarem diretamente a qualidade de vida desses indivíduos, implicam altos custos financeiros para a saúde pública e perdas econômicas para o país. Entender o funcionamento do sistema nervoso é fundamental para a elaboração de estratégias e de políticas públicas e eficazes de medicina regenerativa, terapêutica e preventiva.
Muito se conquistou, especialmente nas duas últimas décadas, sobre o conhecimento do cérebro. Se por um lado esses avanços são extraordinários e suas consequências abrangem desde o desenvolvimento do tecido nervoso propriamente dito ao seu funcionamento normal e patológico, é decepcionante reconhecer que eles são fruto não de perguntas científicas originais, jamais pensadas ou feitas por nossos antecedentes neurocientistas, mas fruto do avanço tecnológico do século XXI (pelo menos no que se refere às células gliais...). Esse progresso permitiu o desenvolvimento de ferramentas metodológicas potentes, de forma que o cientista hoje não apenas visualiza uma célula em seu contexto tecidual estático, mas é capaz de observar e alterar sua biologia, seja por técnicas microscópicas de alta resolução,