teatro-Bailei na curva
(Júlio Conte)
(ANOS 60)
CENA 1: A CASA DA ANA
"É de pequenino que se torce o pepino".
(Palco vazio. Sete cadeiras pretas. Som do rádio).
RÁDIO - Nova Iorque. O Brasil pode explodir a qualquer momento em qualquer direção, informou ontem o editorial do jornal "New York Daily News". Disse o jornal que o Brasil, a maior república da América do Sul, encontra-se num perigoso estado de fermentação. Tem um rico e caprichoso radical chamado João Goulart na presidência, uma inflação galopante, um movimento operário dominado pelos comunistas e uma camarilha militar de direitistas extremistas. Concluiu o jornal dizendo os senadores esquerdistas que “acreditam que Fidel Castro não é mais uma irritação de maior importância, devem fazer uma viagem ao Brasil para aprender que espécie de ameaça
Castro representa para todo o hemisfério". Onze horas e trinta e dois minutos. O tempo em Porto Alegre apresenta-se instável sujeito a fortes chuvas no final do período .
(Música. Luzes se acendem. Soldado sobre a cadeira da frente, podando um galho de árvore. Dona Virgínia lendo uma revista, numa cadeira ao fundo).
DONA VIRGÍNIA - Soldado Celso! Corta esses galhos que eu não gosto destas folhas caídas em frente da casa.
SOLDADO CELSO - Sim, senhora!
DONA VIRGÍNIA - Depois poderia regar um pouco a grama?
SOLDADO CELSO - Sim, senhora!
(Entram Pedro e Gabriela. Como se passassem pela calçada).
PEDRO - Bom dia D.Virgínia!
GABRIELA - Oh, D.Virgínia, a Ana está aí?
DONA VIRGÍNIA - Mas ela não estava no colégio junto com vocês?
GABRIELA - Não sei. Fiquei de castigo no recreio.
DONA VIRGÍNIA - Mas como Gabriela? Daqui a pouco ela deve estar aqui. Nós vamos almoçar.
GABRIELA - Tchau, D.Virgínia, manda um beijo para ela.
Desvendando Teatro (www.desvendandoteatro.com)
PEDRO - Tchau D.Virgínia.
GABRIELA - Vamos passar no armazém?
(Saem de cena. Entra Ana).
DONA VIRGÍNIA - Eh, eh,eh! O que é isso?
ANA - Nada!
DONA VIRGÍNIA - Como nada? Essa