Cenas
Abajur Lilás Plínio Marcos Adaptação: Zé Aires
(3 mulheres)
CÉLIA Filho da puta nojento!
DILMA Tá vendo o que você me arrumou?
CÉLIA Se vai ficar chiando, é melhor ir lá e me entregar.
DILMA Não sou cagüeta.
CÉLIA Então cala o bico.
DILMA Você não tinha nada que quebrar a porra do abajur.
CÉLIA Conta pra ela, conta! Depois ela vai contar pra a bichona.
LENINHA Não sou cagüeta.
CÉLIA Não te conheço.
LENINHA Nem eu você!
CÉLIA De uma coisa você pode ter certeza, não sou assim com a bicha.
LENINHA E você acha que eu sou?
CÉLIA Não sei.
LENINHA Então se fecha. Eu só quero sossego. Faço uns michês, ganho a grana e só.
DILMA Você sabe tudo.
LENINHA Alguma coisinha eu sei. O bastante pra tirar de letra os babacas.
CÉLIA Que você ta fazendo na zona?
LENINHA Me defendendo.
CÉLIA Se você é sabida, você devia estar na maré mansa.
LENINHA E não tô? Entrei nessa porque quis. É mole. Uns dois michês é mais que um mês de trampo legal. Agüentar essa bicha é sopa. Duro é ser babá de filho dos outros pra ganhar uma merda. E o que é pior é que a gente trabalha, trabalha e todo mundo acha que a gente é puta. Então, é melhor ser puta mesmo.
DILMA Você nunca quis casar, ter filho?
LENINHA Tenho nojo de homem. São uns bostas. Eu quero é nada. Não ter que dar satisfação a ninguém. Tá? É isso que quero.
DILMA A gente tem que ter um troço pra se agarrar. Se eu não tivesse meu filho, já tinha feito um monte de besteiras. Só agüento a viração pelo meu filho. Um dia, eu e ele mudamos a sorte. Daí, eu vou poder ser gente. Ter gente por mim.
LENINHA Bela merda! Você não faz porque não é de fazer. Quem tem cu tem medo. E você dá a desculpa do filho. Mas vai botar ele na merda.
CÉLIA Gostei. É isso mesmo, Leninha. Essa trouxa é assim mesmo. Eu tô a