TCC Letras
O CRIME MAIS PERVERSO
Seqüestros de crianças e adolescentes mudam rotina das famílias e das escolas de classe média
Por SOLANGE AZEVEDO
Na volta às aulas, as escolas de classe média de São Paulo estão preocupadas em incluir em sua agenda letiva uma espécie de disciplina paralela: como prevenir e o que fazer em caso de seqüestro de seus alunos. São ensinamentos com grande probabilidade de ser aplicados na vida prática. No ano passado, pelo menos 64 crianças e adolescentes foram submetidos ao horror de cativeiros. No primeiro semestre deste ano, a polícia registrou 21 casos.
O assunto preocupa professores e pedagogos porque a maioria foi capturada a caminho das aulas. Comentados na hora do recreio, às vezes testemunhados por outros alunos, esses seqüestros acabaram se transformando em um tema do mundo lá fora que entrou pelos muros das escolas. Até o fim do mês, 70 representantes de tradicionais colégios paulistas terão encontro promovido pelo Conselho Comunitário de Segurança de Santa Cecília com policiais da Divisão Anti-Seqüestro, que lhes darão dicas de como orientar pais e crianças a sobreviver em meio à ameaça de ser tornarem reféns. As empresas de segurança também foram acionadas. Especialistas da Control Risks já ministraram palestras em duas escolas. Há outras duas agendadas.
Os seqüestros de crianças são um fenômeno mais freqüente em São Paulo – os outros Estados registram casos isolados. Na capital baiana, dois menores foram levados para cativeiros neste ano. A onda obedece a uma lógica de mercado seguida pelos criminosos. 'Os chefes de família se protegeram com carros blindados e seguranças. Então os bandidos passaram a levar seus filhos', explica o tenente-coronel Wanderley Mascarenhas de Souza, comandante do 26o Batalhão de Polícia Militar Metropolitano de São Paulo, que estudou mais de 500 seqüestros. Os integrantes das quadrilhas acreditam também que levar crianças acelera o pagamento do resgate. 'Os pais