tabela periodica
No português corrente, forró tem duplo significado. De um lado é, conforme um dicionário, “festa popular”, ou, com algum laivo de preconceito, “baile reles”. Do outro, o vocábulo remete a um conjunto de gêneros musicais: coco, baião, xote, etc. Na acepção de baile, forró tem muitos sinônimos populares: bate-chinela, bate-coxa, rala-bucho, arrastapé e aria a fivela, etc. Como se vê, baile e gênero musical circunscrevem o campo de significados do termo popular.
Parece assente, entre os estudiosos do vocabulário português, que o termo forró é mera corruptela de forrobodó. Na gíria técnica dos peritos, o vocábulo sofreu uma apócope, ou seja, a supressão ao final de um fonema ou silaba. Não é fato incomum, na história da língua. Assim, por exemplo, o latim mare tornou-se, na língua portuguesa, mar. Por outro lado, a explicação de que forró é derivado da expressão inglesa for all (para todos), introduzida durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), parece mais um caso da chamada etimologia folclórica, explicações fantasiosas da origem das palavras, pois, como veremos, há registro do termo desde 1905.
De forrobodó, como festa, temos registros desde o século XIX. Vejamos alguns dados históricos sobre o termo e o fenômeno em apreço.
Um dos registros mais recuados do vocábulo forrobodó vem de 1833, conforme Luís da Câmara Cascudo (1898-1986). O jornal carioca o Mefistófeles traz em seu número 15: “O ator Guilherme na noite do seu forrobodó”. A nota é por demais concisa, impossibilitando-nos descortinar o significado do termo no contexto aludido. Para a pesquisadora Edinha Dinis, a nota carioca alude a uma forma de teatro popular à época. Reforçando a hipótese da pesquisadora, há uma nota na revista América Ilustrada, de 1882: “Um arremedo de folhetim, cheirando a forrobodó”.