Só pra dizer que eu não falei das [dores]”: a problemática social do bairro da terra firme no contexto do vi fórum social mundial
Erlyc Ferreira de Aviz[1]
RESUMO: Este artigo faz uma abordagem suscinta da baixa qualidade de vida dos moradores do bairro da Terra Firme, em decorrência do profundo e histórico déficit social presenciado naquela localidade, comparando tal cenário com as transformações arquitetônicas e logísticas implementadas pelo estado para receber o VI Fórum Social Mundial. Objetivou-se com isso fomentar um canal de comunicação entre a realidade vivida pelos moradores do bairro, organizações governamentais e não-governamentais responsáveis pelo FSM e o Estado.
Palavras-chave: Desigualdade social, políticas públicas, Terra Firme, ocupação desordenada.
INTRODUÇÃO
A região amazônica esteve sempre na pauta das grandes discussões sobre a preservação do meio ambiente global. Problemas como a devastação da floresta, a falta de tratamento dos recursos hídricos, o descaso com as populações tradicionais etc. fomentaram inclusive o debate em torno da internacionalização da Amazônia. Contudo este debate é amplo e distante da realidade vivida pelas pessoas que moram nesta região. Atualmente, com a presença do VI Fórum Social Mundial, a cidade de Belém, conhecida ainda como o “Portal da Amazônia”, se prepara estruturalmente para sediar o referido evento, que terá suas atividades principais divididas entre as duas universidades federais do estado do Pará (UFRA e UFPA), ambas inseridas no bairro da Terra Firme. O olhar de quem chega pode se impressionar com as recém-construções e reformas pelas quais passaram a cidade nos últimos meses e dias (e ainda passam), por outro prisma, visto a partir de quem vive neste bairro, a diferença é hercúlea. A Terra Firme sempre sofreu de suas pesadas heranças, como a ocupação desordenada de seu espaço e as inúmeras misérias vivenciadas por seus moradores, agravada sobremaneira pelos altos