Síntese: A consciência de classes
George Lukács
A essência do marxismo científico consiste em reconhecer a independência das forças das mudanças reais da história com relação à consciência que os homens têm dela. No nível mais primitivo do conhecimento, essa independência da consciência se expressa, originariamente, no fato de que os homens vêem uma espécie de natureza nessas forças, e que nelas, e nas leis que as unem, distinguem leis Naturais "eternas". O pensamento burguês depara com uma barreira insuperável, onde seu ponto de partida e seu objetivo são sempre, mesmo que de modo inconsciente, a apologia da ordem de coisas existentes ou, pelo menos, a demonstração de sua imutabilidade, sendo dado ao pensamento burguês ver a história como tarefa insolúvel.
Marx revela que o antagonismo próprio à ordem de produção capitalista se reflete nessas concepções opostas e exclusivas a propósito de um mesmo objeto. Porque é exatamente na pesquisa das leis "sociológicas" da história, na consideração formalista e racional da história, que se expressa, na sociedade burguesa, o abandono dos homens às forças produtivas. "
“O capital” não é, para Marx, uma coisa, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada pelas coisas’’ a falsa importância atribuída ao principio de explicação irracional e individualista.
Os reflexos conscientes das diversas etapas do desenvolvimento econômico permanecem um fato histórico de grande importância, o materialismo dialético, que assim se formou, em nada contesta que os próprios homens cumpram e executem conscientemente seus atos históricos. Mas é, como assinalou Engels numa carta a Mehring, uma falsa consciência.
A ciência histórica burguesa, tem em mira estudos concretos, e acusa o materialismo histórico de violar a unicidade concreta dos acontecimentos históricos; por estudo concreto, entende-se: um relato da sociedade como, totalidade. Porque somente neste relato é que a consciência, que os homens podem ter em cada momento