Síndrome da apneia obstrutiva do sono
CONSEQÜÊNCIAS DA SÍNDROME DA
APNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO
Muitos paleontologistas consideram que entre 200 e
300 mil anos atrás teve início a mais importante mudança anatômica dos ancestrais humanos: a transformação da via aérea superior. Estas alterações incluíram o encurtamento da face, a anteriorização do forame magno, a redução do ângulo entre as partes horizontal e vertical da via aérea superior e, principalmente, a descida da laringe. Esta nova configuração, com um trato aéreo supralaríngeo mais longo e estreito, facilitou o desenvolvimento da fala e linguagem, sendo determinante para o sucesso do surto de criatividade humana que ocorreu há 40 mil anos e nos transformou na espécie dominante do planeta.
Entretanto, a História nos ensina que a natureza sempre cobra um preço pela evolução. A nova anatomia da via aérea atribuiu maior relevância respiratória à nossa faringe, transformada em um segmento vulnerável, sem arcabouço e propensa ao colapso durante a inspiração, particularmente durante o sono. Isto tornou possível o surgimento da síndrome da apnéia obstrutiva do sono (SAOS), exclusividade humana entre os mamíferos à exceção dos cães da raça Buldogue Inglês (braquicefálicos).
A atenção médica para o diagnóstico da SAOS e suas conseqüências tem sido crescentes. Alterações polissonográficas compatíveis com a SAOS estão presentes em 1 a 2% das crianças e, dentre os adultos, em 24% dos homens e 9% das mulheres. Na faixa etária dos 50 aos 60 anos, tais alterações ocorrem em 31% dos homens e 16% das mulheres.
As conseqüências da SAOS em crianças são bem familiares aos otorrinolaringologistas. Aquelas roncadoras com apnéias, hipoxemia noturna e fragmentação do sono podem apresentar baixo rendimento escolar, déficit de atenção e hiperatividade. Além disto, estas crianças têm baixo ganho pôndero-estatural e alterações no desenvolvimento do esqueleto facial. Menos lembradas são as alterações cardiovasculares, como