São Paulo, a cidade global
Por Beatriz Grespan
Do que você lembra sobre sua infância, o lugar em que nasceu, os amigos que tinha? Existe algum barulho, cheiro, sabor, palavra que expresse seus sentimentos sobre a nostalgia e memórias daquela época? Viver em São Paulo é isto: dar um pouco de si à medida que cada pedaço de suas ruas lhe devolve lembranças e os mais diversos paladares. O barzinho da esquina, o amigo da vila, a sorveteria da tia da amiga da mãe da sua prima. Criamos raízes inconscientemente, por carinho, identificação. Aqui, no meio desta cidade louca, violenta, repleta de trânsito congestionado, vagões de metrô lotados e toda a confusão que se vê na televisão, há, sim, amor. Sede de migrantes, a cidade louca recebe milhares de centenas de baianos, mineiros, cariocas, gaúchos e demais gentilícios de todo o Brasil. Em 2011, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o IPEA, a região metropolitana era formada em 45% por outros Estados do país. Esta reunião de povos se justifica pelos mais variados motivos, mas, majoritariamente, as causas se devem à busca por oportunidades. Oportunidades de emprego, de estudo, de vida melhor. São Paulo acolhe milhões de famílias assim. Não que a vida aqui seja fácil, longe disso. Paulistas e paulistanos são trabalhadores, determinados, vidrados em vencer. A labuta começa cedo e termina tarde, mas sempre sobra um tempinho para o Happy Hour, assim como para a feijoada de domingo no restaurante do Seu Zé e o passeio pelo parque. Paulista, na verdade, reclama, mas ama pertencer a este lugar. Ama seus aromas, seus vizinhos (até os fofoqueiros de vez em quando), seu cotidiano. Afinal, todos eles têm memórias construídas aqui. Memórias do que era bom, mas ficou melhor; da dificuldade superada, dos anos de luta que valeram a pena. Memórias que se cruzam e se renovam, todos os dias.