São João
Atividade Avaliativa de Língua Portuguesa
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Noite de São João
Era um São João com todas as exigências protocolares: terreiro varrido, no meio dele, descansando num X de varas de pindaíba, o mastro pintado de tauá e oca e com o pé à beira do buraco tapado com um caco de telha. Ao lado, a fogueira. Dentro da sala, num altar, a bandeira daquele santo brabo que comia gafanhotos. Na frente da casa erguia-se o copiá feito de piteira e folhas de bananeiras. Era a ave-maria e reunia-se um povão na chácara. As alimárias rinchavam e se escoicinhavam no curral ao lado, enquanto güegüés insultantes latiam. Depois da reza, saiu a procissão perfumada da cera queimada dos rolos. -- "Viva São João Batista." O mastro principiou a levantar-se e foguetes rápidos sangraram com arranhões felinos a bondade azul de um céu agora todo empapado de luar. A fogueira batia palmas na noite doce, jogando contra as estrelas punhados de áscuas rubras, iluminando a frente da casa, o curral fronteiriço, os campos longes. Serviam café com bolo de mandioca. O pessoal barulhento, risonho, cercou a fogueira. Um balão começou a subir. Não. É mentira. Não há balões nos são-jões analfabetos das roças. O que começou a subir pelo céu, mais belo que um balão, foi uma moda de viola. Chorosa, longa, com sabor arrependido de banzo. Assavam batatas, arrebentavam pipocas, enquanto tiravam as sortes, e um velho, hierático, com pés descalços, atravessava, sobre as brasas vivas. Depois uma sanfona começou, fanhosamente, a arrastar pela poeira o ritmo canalha da mazurca e a moçada entrou para o "rasta-pé", deixando a fogueira quase sozinha. Como então um