sus e suas vertentes
Jacqueline Crepaldi Souza*
C
omo a criança se comunica? Para responder a esse questionamento, a psicanalista francesa Françoise Dolto, em seu trabalho com crianças,faz uma reflexão a respeito da construção e humanização que acontecem desde a mais tenra idade. Um bom exemplo dessa construção é quando a criança se olha no espelho, vê um bebê e fica radiante, pois é bom encontrar um bebê nesse mundo de adultos. Fascinada com essa experiência, ela chama a imagem de nenê, pois nunca chama a imagem do espelho pelo seu verdadeiro nome. Ela se dirige ao nenê, e não à sua própria imagem. E, se não dissermos à criança “É você”, mas “É a sua imagem e, do lado, a minha imagem”, nós lhe ensinamos que é a imagem que podemos ver e ela começa a compreender o que quer dizer a imagem em um espelho. Isso causa tamanha surpresa que ela começa a fazer caretas no espelho e se diverte bastante ao descobrir que pode exprimir, em linguagem de mímica, algo que poderia ser dito em palavras. Esse convite a compreender o papel da linguagem e, mais ainda, do agir, significa compreender que, para uma criança, tudo é linguagem comunicativa, tudo o que se passa a sua volta e o que ela observa. Ela reflete sobre essas coisas. Observando alunos surdos, vemos que estão fantasticamente imersos na linguagem e, à sua maneira, quanto mais prestam atenção, mais barulho fazem com os pés, com as mãos e com o corpo.
A expressão da linguagem usada com as crianças é determinante para sua construção como pessoa, e o mais importante nessa linguagem é sermos verdadeiros no que diz respeito ao que sentimos, pois a linguagem, em palavras, é o que há de mais germinativo, mais fecundante, no coração e na simbologia do ser humano. Essa linguagem não se situa no tempo, prova disso são todas as pessoas que dão ou deram sua contribuição à humanidade e que continuam a dar, mesmo tendo morrido há muitos anos. A linguagem plástica, artística, nos toca porque toda obra é