Suprematismo No contexto da Revolução Cultural
2007
O SUPREMATISMO NO CONTEXTO DA REVOLUÇÃO
CULTURAL BOLCHEVIQUE
Patrícia Danza Greco
Universidade Federal Fluminense – UFF
Pós-Graduação Stricto Sensu – mestrado em História Social
O período de 1917 a 22 caracteriza-se por uma verdadeira convulsão no aparato cultural da Rússia. Em primeiro lugar, o comprometimento da revolução com a alfabetização do povo soviético era evidente, principalmente após a assinatura do decreto Sobre a Mobilização, em 1918, que instituía que todos os cidadãos deveriam aprender a ler e a escrever.
Também em 1919, reforçando o anterior, outro decreto foi assinado, denominado A Liquidação do Analfabetismo, que obrigava a alfabetização do povo, com faixa etária entre oito e cinqüenta anos, em língua russa ou em língua materna (e para aqueles que trabalhavam, lhes seriam cedidas duas horas do trabalho sem desconto de salário). Em segundo lugar, todo o sistema oficial de ensino das artes foi transformado, visando atender todos os grupos de artistas, desde o incentivo a correntes mais tradicionalistas até o apoio à arte vanguardista, além de criar meios para levar a arte a uma maior quantidade de pessoas. Através do rádio, por exemplo, a arte passou a atingir um público menos elitista, enquanto que o cinema, bastante estimulado, privilegiou o trabalho coletivo em detrimento do individual.
A partir de outubro de 17, o poder foi organizado através do
Conselho dos Comissários do Povo, sob a Presidência de Lenin. Para este, a revolução cultural, após a consolidação dos alicerces políticos, era condição imprescindível para a transformação socialista da Rússia, já que o “nível de cultura capitalista”, como previa a teoria revolucionária marxista, era ainda inadequado para a superação do capitalismo. Nas palavras de Trotski ao analisar o pensamento leninista, a luta pela cultura, dadas as premissas políticas (mas não materiais) ‘necessárias e suficientes’, ocuparia