Suicidio Uganda
Joseph KIBWETEERE
Introdução
As seitas apocalípticas são uma praga que espalha drama e tragédia por onde passa. Elas seduzem gente nas mais diferentes regiões do planeta, independentemente de cultura, ideologia ou condição sócio-econômica. Países tão contrastantes como Suíça e Guiana ou Estados Unidos e Vietnã já viveram a trágica experiência de ver fiéis ser levados ao suicídio coletivo por igrejas que pregavam a iminência do fim do mundo. Agora foi a vez de Uganda, uma das mais pobres nações do continente africano, ter seu dia de horror. Na sexta-feira
17 março de 2000, depois de rezar e dançar por duas horas seguidas num templo localizado em Kanungu, uma aldeia a 360 quilômetros da capital,
Kampala, os seguidores do Movimento pela Restauração dos Dez Mandamentos morreram dentro do prédio incendiado. Só dois ou três cadáveres puderam ser identificados. Os restantes transformaram-se numa massa irreconhecível de destroços carbonizados. Contados ao menos 330 corpos, as estimativas indicavam que o número poderia chegar a 600 mortos. A primeira hipótese para explicar a tragédia apontava para um suicídio coletivo.
Por que eles fizeram isso?
Um padre católico excomungado, também conhecido como o "profeta", garantia a seus discípulos ter visto nas previsões o fim do mundo para o dia 31 de dezembro “ano antes do ocorrido” e pediu a seus seguidores que vendessem tudo o que tinham e dessem o dinheiro à seita.
Como o mundo não acabou, os seguidores passaram a pressionar o líder a devolver seu dinheiro. O “profeta” fez então, uma nova previsão de que o mundo acabaria naquela sexta-feira, quando a igreja foi incendiada e os fiéis morreram. Vestindo suas melhores roupas, eles haviam saído de vários lugares, de ônibus, carros e caminhões. Antes, despediram-se de amigos dizendo que seriam levados ao paraíso pela Virgem Maria.
Janelas e portas foram pregadas e fechada com os membros dentro. Eles cantaram por algumas horas. Uma testemunha disse que