Stuart Hall
Segundo Stuart Hall, ao longo dos últimos séculos, conceitos como identidade, indivíduo e sujeito sofreram profundas transformações. No Iluminismo a identidade de uma pessoa era a sua essência; o sujeito nascia e permanecia com ela para o resto da vida. Mas no século XIX, a sociologia considerou que apesar de ter uma essência, o sujeito se moldava a partir de sua interação com a sociedade. Hoje, o sujeito pós-moderno apresenta sua identidade sociológica cada vez mais fragmentada, porque se encontra em constante transformação. A modernidade tardia apresenta um mundo em transformação cada vez mais rápida, em permanente processo de ruptura com o passado e em constante fragmentação interna. Ernest Laclau explica essas rápidas transformações atribuindo ao deslocamento dos centros, princípios articuladores, por forças externas. O conceito de deslocamento do centro, de descentralização, define as divisões e antagonismos sociais que conferem diversas identidades. a um mesmo indivíduo. O sujeito pós-moderno pode assumir diversas identidades de acordo com seus interesses mais imediatos. A identidade agora é móvel, pode ser adquirida ou perdida porque é politizada e historicizada. De estruturas definidas, fixas, rigidamente estabelecidas entre o Renascimento e o Iluminismo, quando o indivíduo era “soberano”, a individualidade do sujeito era conceitualizada como única e inivisível. Com Descartes o sujeito foi definido a partir de sua racionalidade, e o sujeito da razão tornou-se o centro da vida moderna. Mas a complexidade das sociedades modernas exigiu novas respostas. Novas ciências, como a sociologia, a psicologia e a biologia, tentaram, cada uma a seu modo explicar o indivíduo e seu comportamento social. Então, o sujeito cartesiano passa a ser criticado, pois a sociologia acredita que a vontade do indivíduo está sujeita as relações sociais e as normas coletivas. A partir do século XIX, o indivíduo e a sociedade se