Stocking - the ethnographer's magic
Ensaio A epopeia do etnógrafo O autor do texto em questão principia por expor ao leitor a temática que pretende abordar, escrita seguindo uma ordem cronológica. Stocking relaciona a auto-mitificação de Malinowski – o “herói mítico do método antropológico” - com o seu trabalho de campo, comparando a metodologia por ele empregue com a Etnografia europeia que o antecede (Stocking, 1983: 71). Durante longos anos, as teorias sobre o Outro foram formuladas pelos chamados “antropólogos de gabinete”. Estes não viajavam para contactar com os nativos que estudavam, preferindo recorrer ao uso de intermediários amadores – missionários, viajantes, entre outros – para a recolha da informação (Stocking, 1983: 72). Esta metodologia de trabalho revelou-se pouco rigorosa, pois estes indivíduos não tinham formação na área, não falavam a língua nativa, davam primazia à quantidade, e não à qualidade da informação recolhida, e as suas estadias no local eram de curta duração. Isto resultava em teorias baseadas em dados incorrectos, influenciados pelas próprias ideologias do intermediário ou por traduções imprecisas (Stocking, 1983: 72, 74). O United States Bureau of Etnhology, preocupado com a qualidade do trabalho etnográfico produzido, começa então a dar formação antropológica a esses intermediários (BAAS, 1887: 173-174 in Stocking, 1983: 72). É com o Comité das Tribos do Noroeste Canadiano, e mais precisamente com Franz Boas, que deixa de haver divisão de tarefas entre a teorização e o trabalho de campo propriamente dito. Realizam-se pela primeira vez expedições compostas por etnógrafos qualificados, e abandonam-se as poltronas e gabinetes. (Stocking, 1983:74). As expedições ao Estreito de Torres, protagonizadas por Haddon, são consideradas um ponto-chave na evolução das metodologias etnográficas na medida em que as equipas