Sociologia
Uma reflexão mais detida sobre o que vem a ser política leva-nos, necessariamente, a examinar dois outros conceitos, extremamente controvertidos e bastante recorrentes no discurso político contemporâneo: os conceitos de povo e de nação. Fala-se tanto em povo; mas, afinal, o que é povo? Para começar, consideremos as seguintes frases:
1. O brasileiro é um povo cordial.
2. Os povos do Oriente são mais místicos que os do Ocidente.
3. A mobilização das “Diretas Já” foi a maior campanha popular do Brasil.
4. O samba é um símbolo da cultura popular no Brasil.
5. Flamengo e Corinthians são os times do povo.
6. Os programas sociais do governo são dirigidos ao povão.
Observe que os termos “povo”, “popular” e “povão” expressam ideias diversas em cada enunciado. Nas duas primeiras frases, considera-se povo o conjunto de habitantes de um país ou de um hemisfério. Nesse caso, o termo equivale a “nação”. Nas frases 3 e 4, o adjetivo “popular” (que significa relativo ou pertencente ao povo) remete às classes subalternas, o que inclui as classes médias, contrapostas às elites, às classes dominantes. Já nas últimas frases, a palavra refere-se aos trabalhadores e às camadas mais baixas da população: o chamado “povão” seria composto quase que exclusivamente pelos pobres. Como conceito político, encontramos a ideia de povo já na Roma antiga. Em sua fase republicana, o governo romano compunha-se do Senado dos patres (ou patrícios), representantes das famílias gentílicas (nobres), enquanto o populus (isto é, o grupo dos plebeus) era representado por seus tribunos. Texto 3: Estado moderno e nação
Somente a partir da consolidação de Portugal se pôde falar no caráter nacional dos Estados modernos, uma vez que as formas anteriores do Estado, desde a Antiguidade, eram estruturas apropriadas pelas castas ou estamentos dominantes, com base no princípio da superioridade “natural” ou “divina” dos aristocratas e nobres senhores, em que não havia a igualdade jurídica dos