Sociologia
“O Novo Caráter da Dependência: Internacionalização Econômica e Industrialização Restritiva”
Vejamos como é tratado o processo de industrialização e desenvolvimento e a “correlação de forças” que se instaura com o golpe militar de 64.
A expansão imperialista toma novo caminho com a internacionalização do mercado mundial, interferindo no impulso industrial dos países dependentes, a partir do governo JK, ou do chamado “segundo momento de desenvolvimento”, de acordo com Cardoso. O acolhimento do capital estrangeiro foi facilitado e franqueado pela nova “correlação de forças” criada com a intervenção militar de 64. O autor a justifica afiançando que “As bases sociais e políticas sob que assentava o regime populista /.../ começavam a deixar de corresponder /.../ aos setores de classe que controlavam as forças produtivas” (1971, MPB, p. 54); portanto o golpe militar é tratado como uma adequação às condições oferecidas externamente com vistas a uma nova etapa de acumulação de capital no Brasil.
Convém, entretanto, destacar que esse momento não foi considerado pelo autor como uma “volta para trás” em termos políticos, na medida em que o golpe estabelece uma ruptura com o estado que orientou a realidade socioeconômica no Brasil desde 1930.
Cardoso observa que o golpe resulta da “necessidade de recompor os mecanismos de acumulação e de recolocar esta última num patamar mais alto, capaz de atender ao avanço verificado no desenvolvimento das forças produtivas” (1971, MPB, p. 51)1. Contudo, não explica como solucionar tal “necessidade” sem que seja através dos requerimentos ditatoriais cumpridos pelo golpe, diretamente contra o setor do trabalho, como contenção salarial e desmantelamento das organizações sindicais, como veremos.
No que toca à burguesia nacional e sua situação política após o golpe militar, ficaram confirmados, segundo o autor, seus limites de classe que se desenharam