Sociologia

405 palavras 2 páginas
Em Na colônia penal, o pensador mostra a lógica perversa presente na vinculação entre os dispositivos legais da instituição
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Esc Anna Nery Rev Enferm 2008 mar; 12 (1): 143 - 9.
Interface entre os “deslocamentos” foucaultianos e a iconoclastia kafkiana
Nunes NA. penal e a incorporação da culpa. Desta forma, o soldado que não corresponde às expectativas, aceita a punição e sente-se envergonhado, mas desconhece os motivos. Ou seja, a culpa antecede a possível falta cometida. Como no texto anterior,
Kafka desnuda a relação entre a produtividade e a sujeição expressa em tantas instituições contemporâneas.
Embora essa novela nos remeta a inúmeras possibilidades de análise a partir de diferentes matizes, quero aqui dar ênfase à máquina de tortura, um sofisticado instrumento que visava realizar a “justiça” da colônia penal. Explicando a anatomia da máquina, diz o oficial ao estrangeiro:
Como se vê, ele se compõe de três partes. Com o correr do tempo surgiram denominações populares para cada uma delas. A parte de baixo tem o nome de cama, a de cima, de desenhador, e a do meio, que oscila entre as duas, se chama rastelo (Kafka11:32).
O uso da máquina não é irracional. Isso porque ela é construída e legitimada com base num modelo de racionalidade. Todavia, a destruição da máquina no final da novela não significa, por exemplo, a vitória humanista ante a barbárie, mas possivelmente a emergência de novas e mais sofisticadas tecnologias de sujeição. Creio que uma analítica dos detalhes revelaria que, apesar de todo sangue derramado e de toda dor extraída daqueles sujeitados à máquina, ela é para tantos homens símbolo e sinônimo de limpeza, higiene e pureza. Assim, a máquina de tortura racionalmente projetada e calculada opera clivagens, hierarquias no espaço institucional.
Isso em consonância com sua utilidade e objetividade. Na Colónia Penal, um oficial a quem durante anos esteve confiado o pelouro da Justiça, e que mantém uma estranha relação de admiração pelo instrumento

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