sociologia
SOCIOLOGIAS
DOSSIÊ
Sociologias, Porto Alegre, ano 4, nº 8, jul/dez 2002, p. 152-171
Violência e meios de comunicação de massa na sociedade contemporânea MARIA STELA GROSSI PORTO*
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nicio comentando, de modo muito breve, o sentido dos termos que dão título ao presente texto.
Dos três, o que diz respeito à violência é, em minha avaliação, o que acarreta mais problemas de definição.
Começando então por ele, gostaria de salientar que partilho o conceito elaborado por Yves Michaud para quem há violência quando, numa situação de interação um ou vários atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou mais pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais
(Michaud, Y, 1989, p. 11).
Esse conceito, de natureza operacional, não chega a ser totalmente isento de ambigüidades, sendo a primeira delas a imprecisão sobre a intencionalidade ou não do agente. Será a intencionalidade do ato condição sine qua non para a existência de violência? Será a premeditação um requerimento para a existência de intencionalidade? A definição não chega a esclarecer totalmente essas dúvidas. Embora se possa admitir que sim, que estes seriam requerimentos necessários para que se possa concluir
*Professora do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília.
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Sociologias, Porto Alegre, ano 4, nº 8, jul/dez 2002, p. 152-171
pelo caráter violento de uma dada ação, não se pode deixar de considerar as muitas circunstâncias em que atos com desfechos violentos e com danos reais a uma ou mais pessoas possam ser incluídos no rol dos chamados resultados não previstos da ação, com os quais a análise sociológica é freqüentemente confrontada, potencializando a complexidade da questão da causalidade.
A dificuldade conceitual, que de modo algum é prerrogativa da definição proposta por Michaud,