Sociologia
Paula Machado, Manuela Veríssimo, Lígia Monteiro, Nuno Torres, Inês Peceguina & António. J. Santos (Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Portugal)
No modelo de competência sócio-afectiva desenvolvido por Denham (1998), a emoção é concebida como um processo que se inicia num estado de excitação, no momento em que o sistema nervoso autónomo é activado por uma mudança com origem num evento externo ou interno. Porém, as emoções são consideradas elementos básicos das interacções sociais ao longo da vida, já que: (1) são uma fonte significativa de informação tanto para a pessoa que comunica, como para a pessoa que recebe a informação; (2) como processos dinâmicos, criam e são criadas pelas relações com os outros, sendo parte integrante das interacções sociais (Halberstadt, Denham, & Dunsmore, 2001). Algumas concepções teóricas consideram que o ser humano possui um sistema inato de reconhecimento das expressões faciais, sistema esse que serve funções básicas e fundamentais na relação de vinculação (Bowlby, 1982), nas interacções sociais (Klinnert, Emde, Butterfield, & Campos, 1988), na empatia (Thompson, 1998), e na compreensão da emoção e dos processos mentais (Harris, 1989). No entanto, a investigação tem demonstrado que a discriminação e leitura adequada das emoções nas faces dos outros é um processo complexo, que se desenvolve ao longo do tempo (Russell & Widen, 2002). Parece, contudo, ser consensual que o reconhecimento das emoções a partir das expressões faciais tem o seu início antes dos 2 anos, estando a aprendizagem de protótipos de expressões faciais de adultos totalmente adquirida aos 5 anos (Denham, 1998; Harris, 1989). Do ponto de vista do desenvolvimento, as expressões de felicidade são as primeiras a serem adquiridas, seguindo-se as de tristeza e, mais tarde, as de raiva, verificando-se posteriormente, o reconhecimento das emoções mais complexas de surpresa e vergonha. As crianças mais pequenas