Sociologia
Ordem e Progresso em Gilberto Freyre
GT10 - Pensamento Social no Brasil
Sessão 2- Obras e Trajetórias das Ciências Sociais Brasileiras
Lucia Lippi Oliveira – CPDOC/FGV
Ordem e Progresso em Gilberto Freyre
Lucia Lippi Oliveira
O centenário de nascimento de Gilberto Freyre em 2000, assim como de Anísio Teixeira, de Gustavo Capanema entre outros, está dando margem a realização de congressos, seminários, ou seja, eventos culturais que permitem a divulgação para as novas gerações das contribuições desses autores. Em um primeiro nível estamos participando de comemorações; estamos dizendo que tais autores devem e merecem ser lembrados. Aqui estamos no espaço da memória, ou seja, estamos confirmando que eles fazem parte da tradição, do panteão de autores brasileiros. Em um segundo nível é preciso mostrar que estes autores foram relevantes em algum sentido e para tal é necessário proceder a uma análise de suas contribuições para o “pensamento social” no Brasil1. Os autores que compõem a tradição são relidos a cada geração seja para que se apresentem novas interpretações, seja para subi-los ou baixá-los em uma escala de relevância que também se altera no tempo. É nesse sentido que se constrói uma história da recepção.
Ordem e progresso é título de livro menos conhecido do famoso Gilberto Freyre além de ser dístico da bandeira do Brasil instituída na República por influência dos positivistas. Tentarei falar de “ordem e progresso” como símbolo dos avanços e dos recuos, assim como dos impasses da sociedade brasileira ao longo dos últimos cem anos. O Brasil passou durante o século XX por grandes transformações. Deixou de ser uma sociedade em que a maioria dos habitantes vivia em áreas rurais, um país recém saído da escravidão, com frágil identificação com a república recém proclamada, uma terra receptora de imigrantes, que para cá vinham “fazer a América” e ajudar no branqueamento