SOCIOLOGIA
Os numerosos casos de linchamento no Brasil, nos últimos 20 anos, sugerem que as mudanças sociais estão ocorrendo em direção oposta à das orientações cognitivas adotadas pelos cientistas sociais. Os linchamentos indicam que a cultura popular, nas circunstâncias do desenvolvimento e da modernização excludentes, nem sempre é e nem está necessariamente voltada para a afirmação de tradições que dignificam o homem e afirmam sua emancipação e sua liberdade. Eles revelam sem dúvida uma mentalidade de compromisso com o primado do social e dos direitos da sociedade em relação ao indivíduo. Mas, revelam-no em sua dimensão mais opressiva e punitiva, assumindo formas violentas de exclusão e desumanização ritual de suas vítimas.
JUSTIÇAMENTO EM GRUPO
Os linchamentos são ações que contam com a participação de um grupo efêmero e sem organização prévia, que age geralmente em local público, com o objetivo de fazer justiçamento sumário, sem a mediação do Estado, contra pessoas suspeitas de cometer crimes e violências de toda sorte. No estudo do Núcleo de Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP) são considerados linchamentos inclusive os casos em que as vítimas não morreram, mas em que houve espancamentos e agressões coletivas.
ORIGEM DA PALAVRA
Há controvérsia sobre a origem da palavra linchar. Surgida nos Estados Unidos, ela deriva do nome Lynch, que pode ser uma referência ao coronel Charles Lynch, que fazia justiça com as próprias mãos, por volta de 1782, durante a guerra da independência, ou uma derivação do nome do capitão William Lynch, que mantinha um comitê independente encarregado de preservar a ordem e a justiça em um condado no estado da Virgínia, no período de 1870. Nos EUA, o termo é usado somente quando o espancamento resulta em morte.
ESTATÍSTICAS NO BRASIL
De 1980 a 2006 foram registrados 1.179 casos de linchamento no Brasil
O auge desse tipo de ação foi em 1991, quando ocorreram 148 casos.