sociologia
Em Uma antropologia mameluca a partir de Darcy Ribeiro, Arruti chama atenção para o fato de O Povo Brasileiro, escrito por Darcy Ribeiro, apresentar-se com um texto de ciências sociais sem ser assim recebido entre os pares. O aparente desinteresse contrasta, sobejamente, com sua condição de novo fenômeno editorial. Observa que, à parte outras motivações, talvez, o fato de que, dos 233 títulos incluídos na bibliografia de O Povo Brasileiro (1995), cerca de 95% destes terem sido publicados após os anos setenta, estando ausentes desde os trabalhos contemporâneos sobre a organização familiar da sociedade colonial, quanto as etnografias realizadas a partir dos anos setenta sobre povos Tupi contemporâneos, pode explicar aos não-iniciados o quanto a compreensão da sociedade Tupinambá e, por conseguinte, da sociedade pós-contato, encontrou-se prejudicada, mesmo no caso de Darcy Ribeiro, que havia realizado trabalho de campo em uma sociedade Tupi, os Urubus-Kaapor (RIBEIRO, 1996). Tais restrições não retiram da obra o mérito da ênfase no fator interétnico como central na formação das estruturas sociais do Brasil colonial.
Não se tratava, conforme visto, de nada similar à fábula das 3 raças. No caso latino (e brasileiro), narrou-se uma história marcada pela opressão que se, até o século XIX, era contada apenas da perspectiva do colonizador e se proclamava absoluta, os esforços de descolonização epistemológica viriam a permitir que se atentasse para a face obscura e escondida da modernidade: a colonialidade.
Entendo que Darcy Ribeiro participou como intelectual público, no sentido mannheimiano, do esforço de rememoração/reinvenção da história das gentes e do Brasil. Em O Processo Civilizatório (2001), escreveu a história da humanidade como histórias partilhadas, no sentido proposto por Randeria (apud. COSTA, 2006), entrecruzadas e interdependentes, assimétricas, em rota de colisão, não poucas vezes. É fato que Darcy Ribeiro inseriu, em caráter