sociologia
A santa segunda-feira
Em seu livro Costumes em comum, o historiador britânico Edward P. Thompson comenta um costume arraigado em vários países da Europa desde o século XVI até o início do século XX: o de não trabalhar na chamada santa segunda-feira. Essa tradição, diz ele, parece ter sido encontrada nos lugares onde existiam indústrias de pequena escala, em minas e nas manufaturas ou mesmo na Indústria pesada. Não se trabalhava nesse dia por várias razões, mas principalmente porque nos outros dias da semana a jornada era de 12 a 18 horas diárias. Assim, os trabalhadores procuravam compensar o excesso de horas trabalhadas. Havia ainda a dificuldade de desenvolver o trabalho na segunda-feira por causa do abuso de bebidas alcoólicas, comum nos fins de semana. Nas siderúrgicas estabeleceu-se que as segundas-feiras seriam utilizadas para consertos de máquinas, mas o que prevalecia não era o trabalho, que às vezes se estendia às terças-feiras.
Foram necessários alguns séculos para disciplinar e preparar os trabalhadores para o trabalho industrial diário e regular.
Trabalho e necessidades nas sociedades primitivas
Sociedades como estas que estamos considerando não têm as nossas razões para trabalhar - se é que entre elas se encontre algo parecido com o que faz o burocrata na repartição ou o operário na fábrica, comandados pelos administradores, pela linha de montagem, pelo relógio de ponto, pelo salário no fim do mês. “Trabalham” para viver, para prover às festas, para presentear. Mas nunca mais que o estritamente necessário: a labuta não é um valor em si, não é algo que tem preço, que se oferece num mercado; não se opõe ao lazer, dele não se separando cronologicamente (“hora de trabalhar, trabalhar”); não acontece em. lugar especial, nem se desvinculadas demais atividades sociais (parentesco, magia, religião, política, educação...). Sempre que se pareçam com o que chamamos “trabalho”, tais atividades são imediatamente detestadas. Aliás, no fundo, no