Sociologia
Viver em alta velocidade, com o respaldo de tal tecnologia parece ser o “sonho de consumo” da atualidade, ao mesmo tempo em que, a cada dia, tornam-se “luxos” o tempo, o silêncio, a simplicidade, o natural, o necessário. Criamos tecnologias que simulam espaços existenciais de convívio, talvez porque não mais os tenhamos em nosso cotidiano; criamos tecnologias que simulam nossas sensações, será que o fazemos pelo mesmo motivo?
Criamos nossos avatares, nos protegemos e nos mostramos através deles. Vivemos através deles também? Conhecemos o outro por interfaces, adentramos, por convite ou invasão, à sua privacidade, ao mesmo tempo em que, talvez, já tenhamos abandonado a possibilidade de alguma privacidade em nossas formas de vida. Conhecemos o outro ou nos limitamos a faces das interfaces? Obtemos a superficialidade das imagens em nossas telas, ou a profundidade de nossos próprios desejos traçada na imagem que criamos do outro? Com quem nos relacionamos quando nossas relações são com os avatares. Seriam eles esses outros que tanto procuramos em nós mesmos?
Se, de um lado, os avanços tecnológicos são o grande bem produzido pela e para a humanidade, e sua aquisição é sinônimo de “qualidade de vida”, o que buscamos quando afirmamos desejar “qualidade de vida”?
Muitas pessoas trazem ao consultório de filosofia clínica como Assunto: “Quero qualidade de vida”. Mas o mais interessante é que, ao pesquisarmos o significado de “qualidade de vida”, encontramos muitas e diferentes formas. O que para alguns é “qualidade de vida”, para outros é impossibilidade de viver. O que para alguns é fundamental, para outros é completamente desnecessário, ou até indesejado. Quem está certo? Quem está errado? Penso não ser o caso de certo ou errado, de melhor ou pior, apenas a presentificação da singularidade de nossa existência. Somos, apesar de