Sociologia
(O Ensino e as Pesquisas Sociológicas no Brasil)
Por FERNANDO DE AZEVEDO
O estudo que aqui apresentamos, a titulo de Introdução, é uma preciosa síntese histórica e critica da Sociologia rio Brasil, extraído, com a gentil aquiescência do Autor, de seu livro Princípios de Sociologia (Edições Melhoramentos, São Paulo 8.0 ed., 1958), omitidas as notas bibliográficas. Como professor na Universidade de São Paulo e Presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia, mas principalmente através de sua obra, vasta e erudita, Fernando de Azevedo exerce profunda influência na vida intelectual de nosso país e se tornou uma das figuras mais insignes da história da cultura brasileira. Impunha-se , assim, que a sua colaboração figurasse em destaque neste Dicionário. Na história da Sociologia no Brasil podemos distinguir três fases, das quais a primeira se estende da 2.a metade do século XIX, até 1928, anterior ao ensino e à pesquisa; a segunda, a da introdução do ensino dessa matéria em escolas do país (1928-1935), e a terceira, em que entramos desde 1936, a da associação do ensino e da pesquisa, nas atividades universitárias. No primeiro período — o mais dilatado de todos, surgem, a longos intervalos, estudos e trabalhos em que aparecem, na interpretação da história geral ou literária idéias e tendências sociológicas, orientadas em direções diversas. São obras antes literárias e históricas do que sociológicas, em que já se acusa uma penetração maior ou menor, geralmente superficial, do espírito e das idéias correntes da ciência social, ainda em formação, dominantes nos meados do século XIX. As influências que parecem preponderar nesses trabalhos, de valor e orientações diferentes, são o positivismo (Comte e Littré), sob cuja inspiração escreveu F. A. Brandão Júnior A Escravatura no Brasil (1865); o evolucionismo (Spencer, De Greef, Gumplovicz, etc.), segundo o qual se nortearam Sílvio Romero, a princípio, e Alberto Sales, e, finalmente, a