Sociologia pós golpe de 1964
Karla Mellany Sousa Aguiar
Belo Horizonte, setembro de 2010.
RESUMO: Este trabalho pretende comparar as produções de Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso no momento em que tomava força o movimento de reconceituação do Serviço Social no Brasil, assim como destacar a influência daquele autor em sua formulação teórica. Embora as obras de ambos tenham tido forte influência na conformação do pensamento social brasileiro durante o período da ditadura militar de 64, Florestan Fernandes ofereceu maior contribuição ao pensamento crítico do movimento de reconceituação do Serviço Social do que seu colega na USP. Sua crítica aguda e radical à estrutura de classes brasileira esteve ligada às correntes mais próximas da ruptura política – e, no caso do Serviço Social, de ruptura conceitual. Fernando Henrique Cardoso e as correntes vinculadas à social democracia, por outro lado, sugeririam mecanismos mais reformistas e institucionalizados de tratamento das desigualdades sociais, sem perder de vista o crescimento e inserção econômica da nação no mundo como pilar desta estratégia de desenvolvimento.
PALAVRAS CHAVES: Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, desenvolvimento e dependência, revolução burguesa.
I - Introdução
Este trabalho pretende comparar as produções de Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso no momento em que tomava força o movimento de reconceituação do Serviço Social no Brasil, assim como destacar a influência daquele autor em sua formulação teórica.
Tendo se desenvolvido simultaneamente em diversos países latinos americanos (como Chile, Brasil, Argentina, Peru, Uruguai, etc), o movimento de reconceituação do Serviço Social pode ser visto como uma revisão da tradição positivista e funcionalista que caracterizou sua origem, oferecendo uma nova fundamentação crítica, de grande influência marxista, para