socio
Vicente Faleiros
Há um discurso dominante nos meios políticos e econômicos de que é preciso reduzir o Estado ou até mesmo substituí-lo pelo mercado, na ótica neoliberal. No entanto, os protestos que se desencadearam nas ruas em mais de 100 cidades brasileiras no mês de junho de 2013 pedem por mais presença e ação do Estado, principalmente nas esferas da educação, da saúde, da mobilidade urbana e do combate à corrupção. Os manifestantes que ocuparam ruas e praças reivindicam direitos assegurados, ou seja, cidadania na prática, não no papel. Nos últimos anos, o Estado promoveu a transferência de montante mínimo de renda para os miseráveis, acesso ao crédito, à aquisição de moradia e de bens domésticos e subsídios a empresas e montadoras para a compra de bens de consumo duráveis, como automóveis e aparelhos domésticos, além da melhoria do salário mínimo. A política econômica foi centrada no consumo. Ao mesmo tempo, foi promovido grande pacto com o setor privado para a construção de estádios, obras portuárias e urbanas, moradias e privatização de serviços em rodovias e aeroportos. Ou seja, o Estado ampliou o mercado, buscando fortalecer o acesso ao consumo. No entanto, o cotidiano de funcionamento do Estado foi sendo precarizado com falta ou inadequação de infraestrutura e de atendimento digno, com continuidade da corrupção, do clientelismo, da busca de vantagens pessoais por parte de políticos, de juízes e de vários segmentos do Executivo. Se, por um lado, o funcionamento do Estado se precarizou e se corporatizou, a priorização da Copa evidenciou a aliança público-privada para obras luxuosas no estádios, com ingressos impostos pelo mercado. A maioria da população percebeu a prioridade dada ao mercado e a precariedade dos serviços públicos, sentiu-se insatisfeita e saiu às ruas, numa mobilização horizontal das redes de internet. Os protestos são demanda, não só por mais investimento do Estado na