Sobre a vida secreta dos gabirus
UERJ, Rio de Janeiro, IFCH – Faculdade de Filosofia
Professor: João Ricardo Moderno
Turma da manhã, 2014.1
Aluno: Cláudio Luiz dos Santos Veiga
Matrícula: 201310165711 claudioveiga@cedae.com.br 1. INTRODUÇÃO
O presente estudo tem por objetivo apresentar um testemunho muito particular acerca da experiência de leitura e de visão da obra A Vida Secreta dos Gabirus, de Carlos Nejar. A intenção é tentar denunciar, com o nosso testemunho, o quanto é ocioso ler o que não é para o pensamento. Inútil buscar correspondência com qualquer coisa no mundo real, pois não se trata de ciência ou filosofia. Mais inútil, ainda, é a visão com os próprios olhos, sejam os do corpo como os do próprio espírito, pois só é possível contemplar a arte com a visão da intuição, mas não com a percepção clara e imediata do pensamento, e sim, tentando sintonizar-se diretamente com a intuição do próprio artista. Nosso testemunho quer mostrar que ler está para a ordem das palavras assim como intuir está para a ordem da imagem. As palavras, enquanto objetos físicos (sinais escritos ou falados), apesar de servirem de matéria para a transposição da imagem1 (e, por isso, elas são úteis), paradoxalmente, podem nos iludir em vez de nos auxiliar. E arte não é feita para iludir... Já a intuição, uma vez captada pela sintonia entre espectador e artista nos permite a passagem da gabiruzisse2 para a fantasia. E como a arte é forma que só pode ser contemplada pela intuição, que, por sua vez, só é acessível pela fantasia, então, o leitor gabiru, ao ler Nejar, se, como num passe de mágica, conseguir espreitar ao longe, pelo menos, o universo por ele criado, fatalmente se encantará com a luz e dele fará parte enquanto criatura e criador também: de gabiru à iluminado!
Nossa denúncia é que não se pode ler Nejar, sob pena de não acessar seu universo. Pois como Croce mesmo asseverou, a arte não é da ordem do físico. A poesia, apesar de