Sobradinho
“O homem chega, já desfaz a natureza
Tira gente, põe represa,diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato que dizia que o Sertão ia alagar
(...)
Adeus Remanso, Casa Nova, Sento-Sé
Adeus Pilão Arcado vem o rio te engolir
Debaixo d'água lá se vai a vida inteira
Por cima da cachoeira o gaiola vai subir,
Vai ter barragem no salto do Sobradinho
E o povo vai-se embora com medo de se afogar.”
(De Sobradinho, Sá e Guarabyra)
A música Sobradinho, de Sá e Guarabyra, foi lançada em 1977.
A construção da barragem de Sobradinho, no Rio São Francisco, iniciou-se em 1973 e só em 1979 começou a geração de energia pela Companhia Hidro Elétrica do Rio São Francisco - CHESF.
No início da construção da barragem, as obras eram mantidas quase que em segredo pelo governo federal e a população do entorno do lago da barragem estava sendo praticamente expulsa de suas casas. Os municípios atingidos pelas águas eram Pilão Arcado, Remanso e Casa Nova na margem esquerda do rio e, na margem direita, Sento Sé e Sobradinho.
Interpretação da letra do poema:
Em Bom Jesus da Lapa, praticamente por acaso, os autores souberam do início das obras de construção da barragem. Compuseram assim a famosa canção “pelo ponto de vista do sertanejo da região”, como eles explicariam mais tarde em um programa de televisão.
Referindo-se aos governantes da época, a letra fala desse “homem” que ao construir uma usina hidroelétrica, altera a geografia do lugar (“O homem chega, já desfaz a natureza - Tira gente, põe represa,diz que tudo vai mudar”).
A represa, utilizada para aumentar o nível original do rio, gera grandes impactos ambientais com o alagamento das áreas vizinhas ao lago (“O São Francisco lá pra cima da Bahia - Diz que dia menos dia vai subir bem devagar”). Sá e Guarabyra associaram a lenta subida do nível do rio a uma das profecias atribuídas a