Sitte Propõe Reavaliar a Cidade
Cais do Sertão Luiz Gonzaga no Porto Novo do Recife
A intervenção no ambiente construído de valor patrimonial é uma ação de excepcional responsabilidade e civilidade que requer o discernimento do valor cultural e simbólico de bens arquitetônicos e urbanos testemunhos da história coletiva da cidade geradora de sentidos de pertencimentos e da identidade cultural de seus habitantes.
A cidade, enquanto palco de histórias e dramas urbanos que ao longo do tempo compuseram uma sinfonia de significados e significações, não é importante exclusivamente por uma cultura material de excepcionalidade arquitetônica, mas também por uma cultura urbana que transcende a supremacia estética acadêmica para considerar valores e contribuições ditas menores (sic) e mais recentes que lhe conferiram a alma e essência de sua contemporaneidade, seja ela, industrial, portuária ou vernacular.
Manter suas características estruturais e os testemunhos significativos de sua passagem no decorrer do tempo; fazer discretas adequações funcionais, sem recorrer às sofisticadas e custosas técnicas necessárias para intervir em obras de arte; oferecer meios para que cada um dos edifícios seja utilizado com civilidade e de modo compatível.
A destruição do Armazém 10, edifício integrante de um conjunto de edificações do Porto do Recife na Avenida Alfredo Lisboa, foi deflagrada a partir da Operação Urbana denominada Porto Novo, para a construção de um museu e centro cultural, o Cais do Sertão Luiz Gonzaga, um memorial ao artista pernambucano. Autorizada pelo IPHAN, a demolição deste testemunho da arquitetura portuária do Recife é um dos mais recentes crimes contra o patrimônio industrial brasileiro. Localizado no entorno da área tombada pelo IPHAN para o Bairro do Recife inserida na ZEPH 9 (setor de intervenção controlada da Lei Urbanística Municipal), o Armazém 10 integrava um conjunto urbano definidor do corredor formado pela