Sistema mundial, América do Sul, África e “potências emergentes"
[www.reciis.cict.fiocruz.br] e-ISSN 1981-6278
Artigo original
Sistema mundial, América do Sul,
África e “potências emergentes” *
DOI: 10.3395/reciis.v4i1.341pt
José Luís Fiori
Cientista político e economista, professor titular, pesquisador e diretor de pós-graduação do Núcleo de
Estudos Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); coordenador do Programa de Pósgraduação em Economia Política Internacional da UFRJ.
Resumo
Este artigo articula algumas idéias sobre a dinâmica do sistema mundial e a conjuntura internacional, analisando a posição do Brasil nesse universo e as suas relações com as chamadas “potências emergentes”. Parte-se de uma hipótese histórica, de longo prazo, sobre a gênese do “sistema inter-estatal capitalista”, desde sua formação, na Europa, durante o “longo século XIII”, até o início do século XXI. Analisa-se também, nessa mesma perspectiva teórica, a nova inserção da América do Sul (e do Brasil) nesse sistema mundial, assim como a da África, e as relações entre o Brasil, a África do Sul, a China e a Índia. Argumenta-se que o atual “sistema político−econômico mundial” não foi uma obra espontânea, nem diplomática, e muito uma construção exclusiva do mercado. É resultado da ação de uma verdadeira “máquina de acumulação de poder e de riqueza” – os estados-economias nacionais – criada pelos europeus e que se universalizou pelo mundo ao longo dos séculos, alimentada pelas guerras.
Conclui-se que qualquer discussão sobre o futuro desse sistema mundial tem que levar em consideração essa dinâmica ao mesmo tempo destrutiva e criadora, que tem como premissas constitutivas a não estabilidade e a permanente busca por mais poder e mais riqueza. Reconhece-se ainda um retorno da “questão social”, junto com a “questão nacional”, e uma maior densidade material e política nas relações Sul-Sul, que podem re-desenhar a